sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

PRONTA!


Que 2012 chegue depressa, mas que eu não tenha urgência de ser feliz. A felicidade é conquista de uma vida inteira e um ano é fração mínima de tudo que tenho a viver.

Saudades ficam guardadas no calendário do tempo.
Desejos são para hoje e se eu bobear, o amanhã tomará seu lugar, sem que dele eu tenha desfrutado.

Hoje só desejo coisas concretas,  impulsionada por sentimentos abstratos. Eles norteiam meus atos, talvez por isso, de tanto errar, me autodenomino "cabeça dura". Mas isso é muito bom! Esse comportamento fará com que, no vindouro ano,  as pancadas  doam menos. Eu me fortaleci, criei casca, venci a mim mesma naqueles propósitos estabelecidos, convicta que superaria as adversidades. Vou confessar com imensa alegria: Ultrapassei minhas expectativas!

Então, que venha 2012! Estou inteira para recebê-lo.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

SOB CONTROLE


Em nós dois cultivamos a loucura.
É notável a lucidez em nossos atos...
Vejo loucura
na mão que desliza;
há lucidez
no olhar que disfarça.
Vejo loucura
no beijo frenético;
há lucidez
na ausência forçada...
Nessa corrente,
 a qual nos atamos,
sem chave,
nem cadeado,
percebo,
tão somente,
mulher e homem
gozando,
lucidamente,
essa doidice controlada.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

TUA


Sigo-te, 
a todo momento, 
enquanto sombra tua...
Não te acercas 
porque, 
às vezes,
sou brisa suave,
noutras,
vento bravio...
Não te apossas
porque,
 às vezes,
sou verso arredio, 
noutras, 
 deliciosa poesia...
Se,  
porventura duvidas,
que, de mim, 
fiz sombra tua,
ponha-me à prova!
Seduza-me,
sem demora, 
e me faça real 
na tua fantasia.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

SUAVE CAMINHO



Imperativo é,
permitir que os sonhos
me levem...
Em devaneios, 
apaixono-me
 irracionalmente,
amo
 loucamente, 
choro
irremediavelmente. 
E quando meu olhar
só entrevê tonalidades
acinzentadas,
eis que sopra
um doce aroma de rosas...
Submissa,
rendo-me à fantasia.
Outra vez,
serei conduzida ao céu.

sábado, 3 de dezembro de 2011

SUSCETÍVEL


Tuas culpas, teus pecados
 prescindem ser confessados...
São as frases não articuladas
 As mãos não entrelaçadas 
As bocas não ajustadas
Os corpos não acasalados
As lágrimas não repartidas
As alegrias não prolongadas...
E almas tão divididas!
Todavia,
 a pena será atenuada, 
se, uma vez mais,
por teus olhos
eu for tocada.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

DESENLACE


Da lembrança, que dominavas,
tua imagem expulsei.
Da boca, que só tu beijavas,
teu gosto expeli.
Dos olhos, que só a ti refletia,
teu vulto derramei.
Da pele, que só a ti emanava,
teu aroma esgotei...
E assim,
 num último ato,
dramática, 
desatei, por completo, 
os laços.
Do meu corpo inteiro,
apaguei, de ti,
os traços.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

SENTIDOS


Hoje, pela manhã,
tua figura eu vi...
Apalpei teu corpo,
senti teu gosto,
cheirei tua pele,
mas tua voz
não ouvi...
Num lampejo,
senti que o insensível
e ingrato tempo,
sem inquirir se eu desejava
ou não,
petulante, sem avisar, 
ensurdeceu meu coração.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

ALIVIANDO A BAGAGEM


Cada dia que amanheço refaço minha mala.
Parto para mais um dia, consciente que num deles, farei aquela misteriosa viagem para fora deste planeta, para muitos, uma escola de almas. A vida é breve e o tempo que me é dado, quase nada significa se comparado à eternidade. Preciso circular com fluidez e dinamismo, aproveitando ao máximo as oportunidades que surgem.
Consequentemente, preciso estar leve.
Então, toda manhã,  desfaço-me de tudo que seja supérfluo.
Não ocupo mala com sensações desagradáveis. Só carrego o que usei e me caiu bem, entretanto, não economizo em novidades,  leves como plumas, sempre acompanhadas de muita alegria  e grande curiosidade. 
Recuso-me a transportar coisas que não irão servir a mim, nem aos outros.
Por isso, esvazio minha mala das mágoas que porventura senti, das lembranças que me fazem chorar, das culpas pelos erros cometidos. Se estou matriculada nesta escola é porque pouco sei, ou nada sei, como declarou um dia o célebre filósofo. Por outro lado, embora reconheça minha ignorância diante dos enigmas do universo,  há em mim um princípio de sabedoria implantado. Nato. Não posso concluir esta jornada com a cabeça oca e mãos vazias.
Por conseguinte, a cada manhã faço escolhas, decidindo a qualidade do que levo comigo.  Essas escolhas edificam meu conteúdo interior. É minha bagagem, que espero um dia, quando chegar a hora do enigmático embarque, estar leve o suficiente para não tê-la retida por excesso de peso.
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                     

domingo, 16 de outubro de 2011

VIAGEM


Chuva fina lá fora.
Dia cinzento...
Umidade próxima de cem.
A claridade está para cinquenta,
ou menos.
Um ponto de luz me atrai
quando a visão pousa
sobre um móvel da sala
em penumbra...
Levada por ele, 
descubro vários mundos
e transito por outras paisagens.
Gradualmente, 
o ambiente torna-se cor
e luminosidade.
O marasmo cede espaço
 ao movimento
e vida, 
através das páginas do livro 
que, avidamente, 
devoro.

domingo, 2 de outubro de 2011

EXPECTATIVAS


Ela chegou, finalmente, 
trouxe graça à tarde quente, 
de um domingo meio dormente.
Com ela, 
A certeza de germinação
as promessas de renovação
a convicção que flores e frutos virão.
E se a chuva carrega em si, 
grande esperança de cor,
quem sabe, num dia qualquer,
no coração desta mulher,
fará brotar um novo amor!

domingo, 25 de setembro de 2011

MADURA


Cultivo a maturidade da semente
que atravessou o inverno em estado de dormência...
Despertam-me simples raios de sol,
instiga-me a melodia dos pássaros,
excita-me um afago puro e singelo,
fascina-me a possibilidade de germinar.
Faltam-me, somente, 
 as primeiras gotas de chuva, 
que se repetem com a primavera,  
para que eu brote e cresça, 
cante, dance
e floresça.

domingo, 18 de setembro de 2011

UM JEITO BOM DE SER


Nesses 50 anos de vida, procurei colocar em prática diariamente o  Mandamento da Lei Divina: "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo". A primeira parte do ensinamento não deixava dúvidas quanto à interpretação, porém, em relação à segunda, sempre cometi um equívoco: Não compreendia a necessidade de amar a mim mesma, para depois amar o outro.  Em face disso, minha postura sempre foi demasiadamente  passiva diante das pessoas que compartilhavam da minha intimidade.

Desenvolvi, a partir de relacionamentos desastrosos, uma carência afetiva muito danosa  ao meu equilíbrio emocional. Sentia necessidade de agradar aos outros e não tinha convicção dos meus desejos, massacrando  sentimentos, perdoando sempre o outro, buscando encontrar,  apenas em mim, motivos que levavam a tantas frustrações.   Por causa desse comportamento,  inúmeras vezes,  magoaram-me severamente. Nos relacionamentos amorosos,  então, qualquer pangaré apresentava-se como um puro sangue,  e, fatalmente,  eu perdia várias apostas...Sabe aquele jogo do bem-me-quer? Comigo, quase sempre,  predominava o mal-me-quer no despetalar da flor!

Interessante... Notou o tempo verbal que prevaleceu no parágrafo anterior? Sim,  eu mudei! DEIXEI DE SER BOAZINHA!  O amor, a amizade, a fraternidade  devem ser vividos sem distinção, porém, doar-se, amar e só receber em troca ingratidão, leva qualquer indivíduo a questionar suas atitudes em relação ao outro, percebendo  e corrigindo as contradições. Estou aprendendo a me defender! Estou aprendendo a dizer não! Espalhei no meu caminho muitas sementes de "amor próprio" e espero ansiosa pela germinação.   Atitudes de quem tudo perdoa, que nada sente, no entanto, morre por dentro, serão renegadas a um pretérito cada vez mais distante.

Hoje, no expediente de trabalho,  uma contribuinte, grata pelo atendimento humanizado recebido, disse ao despedir-se de mim: Você é bonita "de todos os jeitos". A declaração dirimiu qualquer sentimento de culpa que eu ainda pudesse ter em relação à transformação sofrida.  Foi a comprovação que minha índole continua boa e bela! É a impressão que desejo passar a quem de mim se aproximar, pois eu sigo,  radiante como sempre,  e com meu novo jeito de ser.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

É BELO!


Na minha adolescência,  ainda sem muita intimidade com o sexo oposto, encasquetei que me casaria com um homem da raça negra. Papai era extremamente racista e quando o apresentei àquele que seria meu marido por 20 anos, o dito cujo entrou pela porta da frente e meu genitor saiu pelos fundos, quase sem o cumprimentar. No decorrer dos anos, tornaram-se carne e unha e por ironia, ele foi o genro preferido até a morte de papai,  aos 75 anos. 

Os argumento do qual sempre me servi para justificar tal  preferência, é que lá pelos anos 80,   bronzeamento era quase obrigação e eu  acabava sofrendo queimaduras de segundo grau,  por exagerada exposição ao sol, na tentativa absurda de ter a cor da pele ditada pela moda, sem levar em conta minha brancura.   A partir daí,  profetizei que me casaria com um negro. Assim,  meus filhos teriam uma cor mais abrasileirada e não ouviriam os mesmos comentários que tanto incomodavam, do tipo: você está muito branca! (hoje, amadurecida, descobri que não "estou"; "sou" branca!). 

Apurei o gosto pela cor negra de tal forma, que na Copa do Mundo de Futebol em 2010, torci fervorosamente para a Seleção da Costa do Marfim, encantada com seus atletas negros de corpos esculturais,  querendo tê-los ao alcance da visão o maior tempo possível. Em se tratando dos relacionamentos amorosos, confesso, envergonhada, ser racista com os brancos. E não pense que eu tenha me esquivado de algumas fracassadas tentativas! Diante dos fatos, sinceramente,  começo a duvidar  do argumento  sempre utilizado para livrar minha cara, sem assumir essa preferência quase patológica. Não seria melhor admitir que o negro me encanta pelo seu físico, pelo cheiro, pelo "tempero" etc, etc,  e não por um trauma adquirido em tenra mocidade? 

Esta manhã, escancarei-me,  ao falar com um amigo pela rede social, quando ele me interpelou:
- Linda, navegando na rede em busca de um  deus grego?
Respondi imediatamente:
- Querido, não poderia ser um deus negro?

quarta-feira, 27 de julho de 2011

POR UM TRIZ


Ele sempre volta...
Sempre que a esperança quase se declara extinta.
Sempre que meu coração quase se acostuma à sua ausência.
Sempre que meus lábios quase se esquecem do seu beijo.
Sempre que as noites quase não parecem tão frias.
Sempre que meu olhar quase entrevê nova luz.

Ele sempre volta...
Atiça sempre a paixão que era quase morta.
Faz sempre as mesmas promessas que quase cumpre.
Diz sempre lindas palavras e eu quase ouço.
Age sempre como um príncipe e quase me encanta.
Repete sempre que me ama e eu quase acredito.

Ele sempre volta...
Ele quase fica.


sábado, 23 de julho de 2011

REFLEXO


Ao olhar-me no espelho
vejo mais a ti
do que a mim.
Absorvi tua cor,
teu cheiro,
teu jeito, 
e essa mistura
 não se desfaz no tempo,
nem com a insuportável distância,
mesmo na imperdoável ausência.
Tuas pegadas são marcas
em meu caminho,
assim como tuas digitais
impregnadas em minha pele.
E se ainda por ti suspiro,
se contigo sonho,
se afeto dedico,
é porque no meu espelho
vejo muito mais a ti
do que a mim.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

OCASO





Olhar vazio, amarga espera
Perda de tempo, tardia hora
Tua ausência  a alegria devora
 E o teu amor? Ah, quem me dera!
 
Correm minutos, solidão é fera
Nada mais há, senão demora
A esperança ficou no outrora
E o teu amor? Apenas quimera!

No relógio sem pressa
No arrastar do ponteiro
O pensamento proclama

O ato da meia-promessa
À um coração tão inteiro
Do meu amor,  apaga a chama.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

DOMINAÇÃO


 Finjo não lembrar,
simulo indiferença...
Uso transparentes cortinas 
para disfarçar as janelas do desejo, 
e me fecho com trancas frágeis.
Tento não permitir que cruzes
a soleira do meu singelo mundo...
Tudo em vão!
Basta uma palavra,
um sussurro,
um olhar,
um toque de mãos,
todas as negativas se dissipam
então ressurges, avassalador,
tornando cativo,
 mais uma vez,
este instável coração.

domingo, 12 de junho de 2011

ESTAR SÓ

Estar só  
é um privilégio para poucos
e a coragem de quase ninguém.
Começa por  necessidade
e se mantém,
por força da vontade.
Enquanto para uns é sacrifício,
para outros é recompensa.
Enquanto para muitos é solidão,
para alguns, é solidez.
Estar só
é a capacidade de manter o viço,
de promover a própria rega,
de renovar-se a cada dia,
de espalhar perfume por onde passa.
Estar só é não ser só.
 É sintoma de felicidade autêntica,
de sorriso verdadeiro.
É a descoberta do amor incondicional
por si mesmo.

sábado, 21 de maio de 2011

ESCOLHAS



Dispenso encontros casuais e fugazes com homens fáceis. Sou mulher de carícias longas, de palavras doces, de olhares profundos, que,  além da sensação de corpos saciados,  almeja a serenidade das almas que amanhecem juntas.

Não quero só a intimidade de um quarto na penumbra, mas desfrutar a gostosa liberdade que vem da rua, onde compartilhemos o riso dos amantes, e,  à luz do dia, eu possa dar e receber carinhos sem censura.

Não exijo que sejamos um,  mas, desejo um resultado final onde o número dois prevaleça, e que ambos se bastem, enquanto respirar o amor. 

Não me ofereça teus dias, mas faça-se presente naqueles em que os sinos tocam, os anjos saúdam quem nasce e  fogos explodem no céu, anunciando o recomeço. 

Nada quero de ilícito ou de efêmero, nem por isso,  cultivo a ilusão do eterno.   Não espero rosas sem espinhos, nem uma vida sempre na cor que nomeia essas  flores.  Eu quero, antes de tudo, apenas sentir que és parte de mim,  quando eu estiver só.

sábado, 14 de maio de 2011

CINQUENTINHA!

Foi como fazer o  pouso suave com um balão, no momento preciso,  no local determinado.  E a viagem foi  lenta, repleta de expectativas, recheada de experiências, leve,  por eu ter me desfeito -  em pleno ar -  do peso de sentimentos inúteis que ameaçavam a estabilidade do voo.

Viajei, ora só, ora com amadas e agradáveis companhias. Deslumbrei-me com belas  paisagens,  sobrevivi a enormes tempestades, planei  em itinerários líricos! Chorei, sorri, amei... Enfim, pousei. Como não podia deixar de ser, aterrisei madura e tranquila  na marca dos cinquenta. 

E sendo natural da condição humana permanecer em contínuo movimento, esse pouso nada mais é que o cumprimento de uma  data, no calendário que um senhor, chamado tempo, criou. Não significa, no meu conceito, momento de repouso, pausa para contemplação da vida, ou instante de lamentar se a "carreirinha" de cápsulas matinais aumentou.  Sinto meu balão repleto de gás!  O infinito me espera e nele, busco desafiar todos os limites que o tal senhor também costuma  impor.

LIBERTAÇÃO

Quando percebi que tua ausência
trazia paz ao meu coração,
libertei-me,
criei asas e voei.
Não precisei buscar outro céu...
Descobri que ele sempre existiu
dentro de mim.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

FASE

Em noites claras, sou teu delírio...
 É quando a lua não cabe em si
e a saudade,  em mim,  transborda.
Enquanto anjos te guardam o sono,
em teu abraço encontro abrigo.
E quando, em sonhos,  excito-te  o corpo
a minha alma se aquece na tua.
Em noites claras, sou tua fêmea...
É quando,  em brilho,  a lua transborda
e a paixão não cabe em mim.

sábado, 16 de abril de 2011

ALÇANDO VOO


Vai longe o tempo em que eu percorreria o firmamento por ti. Bendito seja esse bálsamo que  renova e, simultaneamente, apaga  borrões conquistados por uma alma ingênua, agora  consciente dos equívocos cometidos, ao valorizar sensações disfarçadas de sentimentos.  Sinto que dediquei afeto a um corpo desprovido da  essência primordial.

À primeira vista, pode parecer ato volúvel permitir que voes nas asas desse  pássaro veloz, cujo pouso definitivo será no passado. Entretanto, dirigindo  um olhar minucioso à paixão,  no aceno derradeiro, percebo  esta alma  percorrendo  com impressionante rapidez  os céus do esquecimento, motivada pelo simples fato  que os dois corações jamais bateram no mesmo  compasso. Por isso, sempre estiveste a milhas de mim.   Jamais exploraste qualquer ninho que meu coração, amorosamente, construiu para ti.

Hoje, de forma sonora,  conjugo no passado o verbo amar, sem,  contudo, cair nas armadilhas preparadas pela solidão. Com olhos curiosos e atentos,  voo pelos  caminhos da esperança que indicam  sempre para o futuro, cuja aurora  já se prenuncia radiante.

domingo, 10 de abril de 2011

BEIJA-FLOR


Na ilusão de ser muito,
descobri a beleza do essencial.
Na ilusão de ser grande,
percebi o valor de apenas ser...
E quem sou eu nesse universo infinito,
de cores exuberantes e aromas excitantes?
Não sou mais que um colibri,
 procurando uma flor
que me acolha por aí.

PURO FETICHE

De tão alvos,
 ao leite se assemelham...
Sem pressa, caminham atrás dos sonhos
e,  passo a passo
buscam a tão sonhada felicidade.
Convencidos são da existência de pedras,
Porém, não  temem  tropeços;
têm minha alma como lume
clareando as veredas.
Entretanto, por vezes,
a fadiga supera a vontade.
Então, exaustos,
solicitam repouso.
É quando se desnudam,
deliciando-se com o frescor do solo, 
encantando quem deles toma vista...  
Atiçando o lirismo,
incitando o feitiço.

terça-feira, 22 de março de 2011

CRÔNICO


Teu vulto surge no clarão
que a memória acende.
Nesse momento
sou apenas desejo.
Estendo-te as mãos,
ofereço-te meus lábios.
Com as pernas te abarco,
nas pontas dos dedos sinto
tua rija musculatura se contraindo.
Faço do meu corpo teu abrigo...
Contemplo-te qual mãe
no primeiro aconchego ao filho
depois do parto...
E ao interrogar de que forma entraste,
teu olhar carinhoso me faz lembrar:
Há muito vives em mim.

segunda-feira, 14 de março de 2011

MENINA E MULHER.


                          Foto de  Anne Elise, uma  linda menina-mulher.

Toda menina sonha ser mulher. Ela exige urgência, perde a paciência, esquece a prudência. Usa de artifícios, manhas e artimanhas. E quando menos percebe, mulher está. Assumindo essa condição, sente-se dona de si. Toma as rédeas das responsabilidades adultas que lhe são impostas, e do mesmo modo, pensa  ter  controle dos sentimentos. Dos seus e de qualquer outro que lhe dedique afeto.

Pobre e tola menina! Não sabe que para se tornar mulher, terá que sofrer... Somente usar aquele  vestido de  festa da mãe, não basta! Tampouco desfilar o corpo esbelto num salto quinze!  Há que se dar a cara a tapa! Há que se sentir amor e desamor! Há que se experimentar encantos e desencantos,  e mesmo assim, entrever beleza  nas esperiências que a  alma só  vivencia quando habita um corpo feminino.

Eu, na ilusão de estar apta a aconselhar sabiamente essas doces criaturas,  sofro a cada relato dos insucessos amorosos das minhas queridas. Eu rogo aos anjos, assim como elas, para que sejam poupadas, pelos menos em parte, das agruras pelas quais terão que passar no decorrer de suas vidas.

A solidariedade revelada pelo meu coração tem explicação óbvia: A minha menina é por demais presente! Pressinto  que ela jamais se ausentará de mim. A impetuosidade, a urgência de viver e a capacidade de fitar o mundo com olhos de esperança, são elementos valiosos que a menina empresta à mulher  e   quando   associados à sabedoria assimilada com as dores, dão energia e impulsionam essa mulher a seguir em frente, sempre  que uma lágrima teimosa desliza pela  sua face, apagando o sorriso da menina.


"...Depois do pranto infantil, a mulher toma seu posto. A dor continua, mas ela já sabe andar só. Sabe que tem que levantar e curar suas dores; tratar de sua vida. Então, levanta e vai trabalhar. É preciso. A mulher se renova. Volta à academia. E reza. Cuida do corpo e da alma...Essa menina mora em mim, mulher madura. E apesar da idade ainda não aprendeu que a vida não é tão bonita como nos filmes de amor, mas a cada dia ela se sente mais mulher e mais forte. E com vontade ser feliz." (Trecho da crônica A MENINA E A MULHER MORAM EM MIM de Evelyne Furtado, escritora, cronista e poetisa de Natal/RN.)

segunda-feira, 7 de março de 2011

ANTES QUE SE FAÇA OUTONO


Minha casa pede paz, mesmo que suas paredes não estejam pintadas de branco... Minha casa pede luz, visto que suas portas e janelas encontram-se fechadas, pela estupidez e teimosia que cerram meus olhos à claridade de um verão atrativo, a se oferecer, carinhosamente, para iluminar meu interior.

Com isso,  não estou afirmando que as demais estações não tenham seu charme,  seu encanto! Sei apenas que no verão, a alegria é contagiante e dá aquele desejo de sentir cheiro de mar, de ouvir  o canto dos pássaros, de acordar com os raios de sol atravessando a janela, de caminhar cedinho na praia, deixando os passos marcados na areia.

Por tantos motivos,  é imprescidível encontrar  a chave para destravar  a fechadura de minha alma. Assim,  eu poderei  espanar a poeira, renovar o ar, permitir que o fulgor me invada, uma vez que as chuvas de março anunciam: O outono não tarda chegar.

domingo, 6 de março de 2011

PARTO


Sua essência foi concebida entre dores e amores, de um encontro adiado, do beijo tão desejado, e por ironia, na solidão.  Em completa desordem de sentimentos,  começa a germinar em mim,  algo novo.

Sem folgar um segundo,  percebo o desenvolver ansioso do que anseia existir, entretanto, ainda precoce, pede aconchego e espaço para amadurecer perfeito. Experimento a alegria de gerar,  enquanto cresço em ansiedade. Reclamo descanso e, inquieta, rolo em lençois perfumados. Num breve cochilo, sinto o trabalho contínuo do cérebro, corpo, alma e coração.

De sobressalto, desperto. Ele clama pela luz! Peço calma a mim mesma; de pormenores ainda carece. Porém, o controle me foge, o coração dispara, a respiração acelera.  As contrações são frequentes  e involuntárias.  Há um desejo de gritar palavras sem nexo. Arfo...  É quando sinto minha impotência em retê-lo.  Neste momento,  num misto de choro e riso, ainda que temporão,  mais um poema nasce.

quarta-feira, 2 de março de 2011

PUERIL


O beijo sabor tuti-fruti
O toque aveludado
Deixa o rosto avermelhado
Faz da vida um balão...
Se revira até os olhos
O que fará no coração?

(Ana Júlia e seu amiguinho. Ela, filha da amiga querida, Valéria Paulino. Vi a fotografia no Facebook e não resisti...)

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

SÚPLICA


JESUS,
faça com que eu não desista
de plantar o amor,
mesmo que o coração do outro 
apresente condições áridas!
Ainda que o terreno a ser cultivado,
em virtude de exaustão
se declare improdutivo!
Compreenda  minha ansiedade
em ver o primeiro broto!
Enxuga-me os olhos
na falta de matizes das flores! 
Afaga-me na dor
 quando não houver frutos!
Abranda meu pranto,
pela semente que morrer!
Conceda-me ânimo novo,
para um replantio sereno!
Permita que
das sementes na terra lançadas
ao menos uma resista,
para que prossiga germinando em mim,
a esperança de tocar
almas,
e  corações enrijecidos!
Acalentando a íntima certeza
que o infinito amor de Deus
é capaz de curar,
restaurar
t transformar vidas ...
AMÉM!

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

LANCE


Foi bom o instante que durou, 
o amor sem amor.
Meu corpo te pertenceu,
mas  a alma vagava no infinito..
Clara,  pela intrínseca  pureza; 
livre,  por distinguir o prazer do sofrer.
Quanto durou?
Uma fração de segundos,
sinto eu,
mesmo que horas tenham se passado...
Não me recordo o perfume,
 nem da música,
nem da luz. Nada há que se guardar.
As sensações da noite se foram, 
quando seu automóvel deslizou os pneus pela madrugada úmida. 

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

ESPREITA


Da estação aflição, fez-se a terra seca que,
 embriagada pelas gotas da chuva,  
ainda parca, 
da aridez pressente o fim. 
Nela, as sementes anseiam  brotar.
Assim é meu coração espreitando a vida,  
de forma impetuosa por estar juvenil;  
esbanjando sagacidade por ter se permitido errar.
Trovões, raios, rajadas de vento? 
Medo não inspiram. 
Já transbordou em tantos temporais! 
Da sua fortaleza brotou a pedra dura,  
a planície segura,  
a mulher madura,  
que vislumbra a estação serenidade, 
morosa, porém,  certeira,
  no horizonte a despontar.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

ESTAVA ESCRITO!


Quando meu filho completou 4 anos de idade, tentei colocá-lo  na escola pela primeira vez. Tentativa frustrada, porque ele acenava para mim com 5 dedinhos, convicto que só iniciaria sua vida escolar com a idade que ele mesmo determinara. E assim aconteceu. Terminou a 1ª fase do ensino fundamental,    sempre   como primeiro da sala,  repetindo  o resultado dos anos anteriores. Outra vez mostrou convicção   na escolha do colégio onde iniciaria a 2ª fase do ensino fundamental e concluiria o  ensino médio. Mas, diferentemente do que ocorrera na pré-escola, o ingresso  não aconteceu de forma tranquila. Ele optou pelo  Colégio da Polícia Militar de Goiás e,  obrigatoriamente,  teria que passar pelo processo seletivo, quase tão disputado quanto um vestibular de entidade pública. Conclusão: Foi reprovado.

Não nego que eu e o pai ficamos chocados. Tínhamos certeza da capacidade do nosso filho em conquistar aquela vaga e no entanto, ele estava fora! Inconformados, descobrimos que havia chance de conseguirmos um lugar para nosso filho usando de "politicagem" ou do conhecido "jeitinho brasileiro", uma saída, para nós, fora dos parâmetros legais que sempre respeitávamos,  porém,   ver nosso filho sem o ensino público de qualidade  a que  tinha direito, muito nos entristecia.  Movido pelo sentimento de justiça, o pai recorreu  à pessoa "certa", e de forma "errada", nosso filho estava dentro.

Mesmo tendo seu ingresso garantido, no dia da matrícula eu me lembro bem: Ao sairmos da escola meu filho se mostrou aborrecido, pois queria ter conquistado sua vaga  através de mérito próprio, sentindo a alegria em ver seu nome na relação dos aprovados. As palavras que eu disse na ocasião, para servir-lhe de consolo, ficaram gravadas no meu inconsciente e acho que,  no dele também:
- Filho, você estará entrando nesta escola pela porta dos fundos, mas eu tenho certeza que sairá dela pela porta da frente!  

Ele me provou, a  partir dos primeiros anos, sua competência, sendo, quase sempre,  o 2º lugar da sala (o 1° era  do cdf Matheus Matias). Concluiu com louvor o ensino médio em 2010 e mais uma vez, convicto da escolha,  se inscreveu  para seu primeiro vestibular na UFG,  pleiteando uma vaga no 3º curso mais concorrido daquela Universidade:  Direito.

No último dia 04,  acompanhei meu filho ao Colégio da Polícia Militar de Goiás, Unidade Hugo de Carvalho Ramos, para que se cumprisse o que eu havia previsto há 7 anos : As portas da escola se abriram,  não para que ele saísse, mas para recebê-lo, com todas as honras,  em virtude do seu nome, LUIZ AUGUSTO MACHADO DE OLIVEIRA estar contido na lista dos aprovados para o curso de Direito  da Universidade Federal de Goiás.

"DEUS ESCREVE CERTO POR LINHAS TORTAS."

Nota: Por causa das denúncias  de favorecimento na aquisição de vagas e alegando também que a criança em tenra idade não deve passar  pelo stress de processos seletivos, o Ministério Público do Estado de Goiás atuou junto às unidades das Colégios Militares em Goiás, e  hoje,  as vagas são distribuídas de forma transparente através de sorteio público.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

INSENSATEZ


Dos olhares faiscavam promessas
Seu coração batia com pressa
Seu corpo pulsava pelo meu
Que acompanhava o ritmo do seu
Na imaginação,  mãos se tocavam
E frenéticos desejos se formavam...
Tive a sensação de um beijo
Fugir dali era o desejo
Descobrir o paraíso perdido
Num lugar ainda esquecido
Ou quem sabe, saciar a sede
Na varanda e naquela rede
Que, após tanta ausência vivida
Recolhera-se, entristecida...
Foram segundos, minutos, horas?
O que isso importa agora!
Se apenas os olhos falaram
Se as bocas emudeceram
E apenas lágrimas se derramaram
Haverá razão em sentir dor
Por quem zomba de tanto amor?
                                                           

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

DORMÊNCIA


Amor morto não se sepulta,
ainda que não produza luz...
Ele respira,
ele inspira,
faz da vida um inferno,
quando castiga;
e eleva ao céu em segundos,
quando instiga...
Por amor morto muito se chora,
mas, sempre se espera!
Pois quando se imagina que ele morreu,
que nunca mais terá quem se perdeu,
eis que ele salta dos olhos,
sacode o corpo,
rouba ar do pulmão,
acelera o coração!
Põe a vida em movimento,
com tamanho atrevimento
que até mesmo o mais cético,
se dará  por convencido:
Não era amor morto,
era amor adormecido!

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

TROCANDO A CASCA



Dia 15 último fiz um peeling a laser nas áreas do rosto, pescoço e colo. O procedimento consiste em ficar mais ou menos 20 minutos recebendo descarga desse raio na região determinada, que imediatamente irá se aquecer, avermelhar e arder por cerca de outros 30 minutos, como se a paciente tivesse passado metade de um dia sob sol forte,  sem uso de filtro solar. E a pele reagirá como se isso fosse. Resumo: Camarão é pouco. E eu  ainda saí do consultório feliz da vida!

Nos dois primeiros dias, nem pensei por a cara na rua! Teriam pena de mim! Criancinhas poderiam  se assustar, tal a coloração e inchaço que a pele apresentava! Sem contar que tomar sol é totalmente contraindicado pelo dermatologista. Como  me recusei usar aquela máscara para queimados, fiquei de molho em casa, com meus filhotes fazendo piadas sobre minha aparência caricata.

Vivenciando esses  dias de ardência,  alegre e sorridente, pela  certeza que o tratamento proporcionaria uma pele mais  bonita, saudável e jovem (no momento, o   aspecto das áreas tratadas é de  barata perdendo a casca), observei como nosso estado de espírito é fator determinante às reações que apresentamos. Imagine você se eu estivesse vivendo situação análoga em virtude de algum acidente indesejável!  Por favor, economize sua imaginação para assunto mais relevante, pois eu já  tenho a resposta na ponta da língua:  Praguejando, lamuriando, perguntando o que teria feito à Deus para merecer tal sofrimento!

Embora eu seja muito materialista e "um pouquinho" vaidosa, procuro sempre meditar a respeito do cotidiano, extraindo lições que ajudem-me a crescer espiritualmente.  Com o episódio vivido, hoje reafirmo a importância de  usar o pensamento positivo para minimizar as dores dos sofrimentos involuntários que a vida trouxer. Uma atitude  positiva diante dos infortúnios, tornam mais eficazes os poderes de restauração e cura,   tanto do nosso  físico, quanto do psíquico. E sem deixar   a vaidade de lado, seria permitido a mim dar por certo que o pensamento positivo é também um laser poderosíssimo e indispensável  para promover o embelezamento da alma?

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

ALVORECER


Sob a pele que ardeu,
tão logo se perca a casca,
suave tez se revelará.
Penso que talvez,
para cada ser que sofreu,
assim que se enxugue a lágrima,
desde que se extirpe a mágoa,
uma vez que se dissipe a névoa,
clara alma se mostrará.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

É...EU QUERIA



Eu queria ser Maria Gadú
Ah, como eu queria! 
Mereceria o olhar cúmplice de Caetano em "Rapte-me Camaleoa"
E quando ele cantasse "adapte-me a uma cama boa"
Um réptil eu viraria!

Eu queira ser Maria Gadú
Ah, nem que fosse por uma dia!
Encantaria  Regina casé com "Ne Me Quitte Pas"
E quando ela recitasse " Il faut oublier"
Eu, de tudo, me esqueceria!

Eu queria ser Maria Gadú
Ah, céus, como eu queria!
Faria dupla com Ana Carolina  em  "Mais Que a Mim"
E quando ela cantasse "mas não vi ninguém pra me abraçar"
Em meus braços a aconchegaria!

É... Reconheço
Apenas em sonhos ser Maria Gadú
Não tem outro jeito!
Logo,
A ilusão se dissolverá 
No tempo
De um pretérito imperfeito.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

GLAMOUR



A vida me oferece muito. Com a chegada do novo ano, mentalmente refiz alguns percursos e percebi que a cada porta fechada, a cada janela cerrada, surgiram  aberturas por onde a claridade penetrou e seguindo-a, encontrei  novos caminhos, novos motivos para sorrir.

Aprendi a transpor barreiras que pareciam impossíveis. Aprendi a brincar, sabiamente, com os infortúnios. Das desgraças,  hoje rio com graça! Ergo brindes de felicidades àqueles que se julgam meus inimigos, pois em meu coração não habitam sentimentos cujo ímã utilizado para atraí-los não tenha sido o amor.

Com o amargo das experiências, aprendi a valorizar mais outros sabores.  E embora  certa que misturando todos, coerentemente,  terei como resultado substâncias imprescindíveis  para movimentar a vida,  o meu íntimo é contraditório, afirmando que desses sabores bastam aqueles apreciados por mim na culinária:  jiló, jurubeba, guariroba...

Percebi,  no correr dos anos,  a necessidade de consumir a vida  sem economia. Quero todas as cores,  brilho e elegância que  ela puder me dar, independente se é dia ou noite. Quero paetês e lantejoulas, mesmo com meu personal stylist se descabelando,  dizendo estarem  fora de moda nesta estação!
Ser fashion é ser feliz!