segunda-feira, 14 de março de 2011

MENINA E MULHER.


                          Foto de  Anne Elise, uma  linda menina-mulher.

Toda menina sonha ser mulher. Ela exige urgência, perde a paciência, esquece a prudência. Usa de artifícios, manhas e artimanhas. E quando menos percebe, mulher está. Assumindo essa condição, sente-se dona de si. Toma as rédeas das responsabilidades adultas que lhe são impostas, e do mesmo modo, pensa  ter  controle dos sentimentos. Dos seus e de qualquer outro que lhe dedique afeto.

Pobre e tola menina! Não sabe que para se tornar mulher, terá que sofrer... Somente usar aquele  vestido de  festa da mãe, não basta! Tampouco desfilar o corpo esbelto num salto quinze!  Há que se dar a cara a tapa! Há que se sentir amor e desamor! Há que se experimentar encantos e desencantos,  e mesmo assim, entrever beleza  nas esperiências que a  alma só  vivencia quando habita um corpo feminino.

Eu, na ilusão de estar apta a aconselhar sabiamente essas doces criaturas,  sofro a cada relato dos insucessos amorosos das minhas queridas. Eu rogo aos anjos, assim como elas, para que sejam poupadas, pelos menos em parte, das agruras pelas quais terão que passar no decorrer de suas vidas.

A solidariedade revelada pelo meu coração tem explicação óbvia: A minha menina é por demais presente! Pressinto  que ela jamais se ausentará de mim. A impetuosidade, a urgência de viver e a capacidade de fitar o mundo com olhos de esperança, são elementos valiosos que a menina empresta à mulher  e   quando   associados à sabedoria assimilada com as dores, dão energia e impulsionam essa mulher a seguir em frente, sempre  que uma lágrima teimosa desliza pela  sua face, apagando o sorriso da menina.


"...Depois do pranto infantil, a mulher toma seu posto. A dor continua, mas ela já sabe andar só. Sabe que tem que levantar e curar suas dores; tratar de sua vida. Então, levanta e vai trabalhar. É preciso. A mulher se renova. Volta à academia. E reza. Cuida do corpo e da alma...Essa menina mora em mim, mulher madura. E apesar da idade ainda não aprendeu que a vida não é tão bonita como nos filmes de amor, mas a cada dia ela se sente mais mulher e mais forte. E com vontade ser feliz." (Trecho da crônica A MENINA E A MULHER MORAM EM MIM de Evelyne Furtado, escritora, cronista e poetisa de Natal/RN.)

Um comentário:

  1. Adorei o post Marleuza ...
    me sinto honradaaa demais ... com minha foto acompanhada de um texto tão lindo ....
    Obrigada ....
    grande bjo

    Anne

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