quinta-feira, 25 de março de 2010

PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE PERDÃO


Hoje acordei meio sem gás. O dia anterior tinha sido "porreta" e mesmo tendo dormido bem, faltava aquela energia que traz um desperar alegre e saudável. Melhor assumir: Eu estava meio Down!

Quando é folga na escala do trabalho, gosto de ir a academia pela manhã; cumpro logo a obrigação com meu físico e passo o dia com aquela sensação gostosa de dever cumprido. Então lá fui eu, com minha roupinha mais colorida, cabelos lavados, cheirosinha, com batom e rímel (este último à prova d'água e consequentemente de suor, claro!). Sou fraca não, neném! O mundo me filma a todo instante e a qualquer momento, posso ser  catapultada para um Big Brother qualquer da vida! E quando o astral puxa para baixo, há que se investir no visual, dar aquele disfarçadinha básica.

Como o título desta nossa conversa já é uma paráfrase ao título da música de Geraldo Vandré, de conteúdo que estimulava as lutas revolucionárias da juventude nos anos 60,  agora vou parafrasear Belchior: "Deixando essas futilidades de lado", confesso ter iniciado o treinamento muscular com certa morosidade. Meu professor tudo percebeu e até se fez  confidente. Em dias assim, ele pega mais leve, dando, além do apoio físico, também o moral.  A música ambiente era interpretada pelo grupo Titãs e o letra soava: "Quem espera que a vida seja feita de ilusão, pode até ficar maluco ou morrer na solidão"... Entre um alteres e outro, eu racionalizava os últimos acontecimentos da minha vidinha pacata e comecei a perceber o quanto me culpo pelos sofrimentos e acontecimentos desagradáveis. Sempre procuro acertar, dar o melhor de mim e quando levo "porrada" na cara, atribuo-me os rótulos de burra, idiota, imatura, enfim, assumo as qualificações da loura caricata das anedotas tão populares. E aí, "lá vem dor no peito", como diz a letra de uma música da Alcione. Em meio a essas divagações, olhei no espelho à minha frente e um lindo sorriso cativante me foi dado por um jovem que ainda não conhecia  naquela academia que frequento a algum tempo. Eu me movimentava, mudava de exercício e quando me deparava com a figura simpática do menino, recebia mais sorrisos. Angelicais, posso assim dizer!  Aquela expressão amigável do goroto, de repente foi mudando meu astral e eu digeria as emoções ruins vividas, começando a pensar em como seria bom se nós conseguíssemos praticar o perdão em sentido amplo. É, naquele momento, naquele lugar insólito, onde tudo respira condicionamentos físicos eu comecei a fortalecer minha alma! A cada inspiração eu pensava,  perdoo,  e a cada expiração eu jogava para fora as raivas, as dores, as tristezas, as decepções.  E o perdão mais importante foi aquele que direcionei a mim mesma, pois sei que sou humana, faço escolhas erradas, deixo-me contaminar por sentimentos não tão nobres.  Permito que o orgulho seja fator determinante nas minhas ações... Ufa, como sou humana!

Num dado momento do treino, eu o garoto dividíamos um aparelho e ao ficarmos frente a frente, mais um sorriso me foi dado de presente. Aí, como sou atrevida ao extremo e na minha idade "pagar mico" é expressão que desconheço, perguntei: Qual é o seu nome?  Ele respondeu: Lucas. Eu acrescentei: Só queria saber se o significado do seu nome condiz com seu sorriso!  E ele, mais uma vez, sorriu, iluminando o ambinte e minha alma por completo.  Chegando em casa, fui imediatamente atrás da informação que saciaria minha curiosidade e lá constatei: LUCAS: vem do Latim, que quer dizer: LUMINOSO, BRILHANTE. Estava explicado. Era um anjo ali plantado para estimular os insights que me questionaram  e  fizerem com que eu compreeendesse a grande importância de praticar o perdão. À partir desse  momento, senti que vale acreditar cada dia mais no ser humano que me rodeia. Sou parte dessa diversidade de múltiplas facetas e valores! Através do convívio, um dia serei sábia o suficiente para aceitar,  sem mágoas, os sentimentos e importância que o outro resolver me atribuir.  Sei que nas relações afetivas, em todos os aspectos,  a reciprocidade não é regra. O verdadeiro amor consiste na arte de permitir que o outro tenha por mim a afeição que for capaz de sentir. No campo profissional, ninguém é obrigado a reconhecer os valores que acredito ter. Contudo, nos dois casos, uma única regra deve prevalecer:  Ao nos sentirmos injustiçados, praticarmos  o perdão, na medida em que o entendimento de cada um determinar.  Lembrei-me então que ao sair da academia,  os Titãs ainda cantavam:

"Queria ter aceitado
As pessoas como elas são
Cada um sabe alegria
E a dor que traz no coração..." (Epitáfio)

domingo, 21 de março de 2010

ENFRENTANDO POROROCAS


"Pororoca é o fenômeno produzido pelo encontro das correntes de maré com as correntes fluviais, em geral em desembocaduras e baías onde existe grande variação entre as marés alta e baixa."  ( leia mais em www.portalamazonia.globo.com).

É... lendo um pouco sobre esse fenômeno natural pelo qual passam as águas, percebi que nós, como parte dessa natureza viva também vivemos nossos dias de pororoca. E como! Pela definição dada, qualifico-me como um rio de água doce, deslizando tranquilo sobre seu leito, porém inquieto,  sabendo que nas desembocaduras, o mar sempre aguarda para os encontros inevitáveis.

No campo profissional, sempre fui assim: Não temo o mar.  E não é questão de ter nariz empinado, de não respeitar hierarquia : é questão de lutar pela  cidadania e pelos direitos que acredito serem meus. Nessas situações,  as pororocas são violentíssimas! Já sofri  punições desde o tempo em que atuava na área da Iniciativa Privada e hoje, como Servidora Pública é que percebi como os embates são frequentes. No Serviço Público, não é preciso fases específicas  para que grandes marés se formem. Basta o servidor não baixar a cabeça  àquele que acredita ser oceano para que  ondas gigantescas se levantem. E eu, com a doçura que  me é peculiar, vou avançando mar adentro e quando percebo sou arremessada ruidosamente pelas forças destruidoras, oriundas do orgulho daqueles que detêm o poder -  e nem sempre capacidade administrativa - para onde acreditam ser meu lugar, onde acreditam que devo reconhecer como meu curso,  placidamente.

Há um comentário que parece folclore no serviço púbico: dizem que quando um servidor sai de férias, corre o risco de, no retorno, não ter mais sua vaga à disposição. Quando eu disse parece, é porque comprovei esse processo pessoalmente. Aliás, nem esperaram que eu gozasse os merecidos trinta dias: na primeira semana, recebi em minha casa o comunicado,  via telefone,  da transferência de unidade e quando me recusei, por saber que, psicologicamente, não tinha condições de assumir o novo posto a mim destinado, fui designada a uma unidade longínqua, onde dependo de três ônibus coletivos para lá chegar. Na anterior, precisava de apenas um. A  pororoca foi o prêmio recebido por um ano de bons serviços prestados,  por uma servidora que ia muito além das suas funções de Assistente Administrativa,  com alegria e encantamento do primeiro contrato no serviço público, e praticamente,  todas as notas dez  nas avaliações  do seu Estágio Probatório.

Talvez a minha doçura aparente passe até a impressão de que sou muito passiva e que ceda ao ataque das furiosas ondas sem lutar. Não é bem assim. Diferentemente delas, em mim há um cérebro pensante que analisa as possibilidades, as perdas, os ganhos, sendo necessário, muitas vezes,  passar a idéia de que o mar venceu o rio. Usando o senso analítico, me recomponho sempre, talvez perdendo um pouco aquela doçura inicial, mas a força surge exatamente dessa transformação, onde o raciocínio supera em muito a truculência. Tudo tem seu tempo. As marés sempre baixam. Sendo propício, os rios até mudam seu curso.  E é sabido por qualquer ser humano com um mínimo de instrução, que para haver equilíbrio biológico,  o mar necessita do rio, tanto quanto o rio precisa do mar.

quinta-feira, 11 de março de 2010

ENCAIXANDO-SE NO SEU QUADRADO



"Não é da natureza do amor forçar um relacionamento, mas é da natureza do amor abrir o caminho." (William P. Young no livro A Cabana)

Existem algumas Leis Naturais que regem o universo e por mais que tentemos protelar seu cumprimento, não há como fugir. Um dia elas haverão de se cumprir.  Está gravado no subconsciente de cada um  e caminhar acatando essas leis é obrigação na escalada de evolução pela qual deve  passar o ser humano. No complexo perfeito projetado pelo Criador, todas se interligam, mas algumas delas têm uma intimidade maior quando somos chamados a meditar sobre os rumos atuais do homem no que tange aos relacionamentos afetivos: A Lei da Reprodução e a Lei da Conservação.

Nascemos com a missão de viver em pares, construir famílias, procriar. Na sociedade moderna, esse conceito tem sido interpretado de forma bastante  divergente, ou seja, a descaracterização do modelo de casais, na forma tradicional, através do casamento ou de união aceitável no padrão  estabelecido pelo meio social  em que convivemos,  é, para muitos, coisa do passado, fora de moda. Ultrapassado.

Recentemente concluí a leitura do livro "A Cabana" do qual assimilei e concordei plenamente com a frase que usei como clichê no início deste texto. Nele, num diálogo entre Jesus e o personagem principal, Ele esclarece que todos somos livres para aceitar que Deus habite em nós. E por mais que fujamos, adiemos, protelemos esse encontro, um dia  desejaremos estar cara a cara com Ele. Desejaremos profundamente que essa união magnífica se concretize.

Análoga é a situação em relação ao amor humano. Todos querem se acasalar, todos desejam ardentemente a convivência amorosa de um parceiro! Mas a maioria pára nesse quesito. Quando se inicia a o romance e os indivíduos percebem que precisam empreender mudanças de vida para que o projeto venha a ser bem sucedido,  batem em retirada! Alguns nem se propõem a começar. Nunca estão prontos para abrir mão, para dividir. Declaram-se despreparados para construir uma parceria e viver um no outro, tal qual deve ser a experiência no amor Divino.

Inúmeras são as alegações de ambos os sexos. - Mulher independente assusta os homens, dizem alguns. - Homem imaturo decepciona as mulheres, é consenso. Não é interessante esse aspecto contraditório do "bicho-homem"? Enquanto a mulher cresce, assumindo maiores responsabilidades sociais, profissionais, familiares e toma as rédeas do seu destino, o homem enfraquece e busca no isolamento afetivo afogar suas angústias de macho, procurando nas relações banais, amenizar o vazio que só um relacionamento sólido, cuja base é o amor, será capaz de preencher completamente.

Quanto à mulher, suas expectativas em relação ao parceiro ideal têm diminuído com o passar dos anos. Um dos fatores que ainda contribui nessa mudança,  é o fato da população feminina ser muito superior à masculina. O "cardápio" à disposição do homem é tão farto e ele mostra disposição para experimentar todos os "pratos". Infelizmente muitas mulheres ainda se propõem  alimentar os prazeres do sexo oposto. Não vai aqui nenhuma crítica feminista! É a realidade vivida por uma mulher que também não consegue manter-se à parte nessa questão,  dada a escassez de parceiros disponíveis, com requisitos básicos e dispostos a abrir suas vidas à uniões afetivas que satisfaçam.  Enquanto os índices mostram a ascensão intelectual do sexo feminino, no campo moral ela despenca ao tentar equiparar-se ao homem, participando dessas experiências, de certa forma degradantes,  sofrendo maiores consequências no aspecto emocional dada a sua sensibilidade nata.

Claro que não podemos generalizar  e hipocrisia é palavra que procuro eliminar do meu vocabulário. Não estou acima do bem e do mal (aliás, ultimamente tenho vivido um verdadeiro "cabo de guerra"!).  Embora flutue nesse universo frenético, onde o que tem importado é a quantidade de relacionamentos e não a qualidade, acredito ainda que usando de olhar minucioso, garimpando com cuidado, sem pressa, oportunidades podem surgir. A opinião geral é que homem e mulher estão frente a frente mas não se enxergam por haverem muitos atrativos ilusórios ofuscando seus olhares.  Por outro lado, acreditando que somos movidos pelas Leis Naturais, construir uma união feliz ao lado de um parceiro do bem é a linha de chegada para qualquer um de nós. Imagine um tabuleiro de xadrez onde as peças se encaixem naturalmente em cada casa! É isso aí!

terça-feira, 9 de março de 2010

QUEM DITA É O CORAÇÃO


O tempo foi tão longo que esqueceste do azul que era seu
Nesse tempo ficaram  perdidos os beijos que não me destes, as flores que não afertaste
Em cada tarde passada, meu coração distanciou-se na esperança de encontrar o seu
Em cada manhã ele retornou exausto pela procura inglória da noite
Em cada esquina meu olhar dobrava aflito na certeza de verte-te
E em cada lágrima rolada pelo desencontro ia um pouquinho de mim.

Não sei se seu  tempo foi longo
Não sei se meu tempo foi curto
Não sei avaliar a que distância te encontras de mim
Mas minh'alma insiste pra que eu grite agora
NUNCA ME AFASTEI DE TI.


P.s. Um amigo de longa data e muito querido  me envia emails e a cor da fonte que utiliza é sempre azul. Neste dia, voltando das férias, escreveu-e, mas usou a cor preta. Inspirou-me na escrita das palavras simples.