domingo, 6 de março de 2011

PARTO


Sua essência foi concebida entre dores e amores, de um encontro adiado, do beijo tão desejado, e por ironia, na solidão.  Em completa desordem de sentimentos,  começa a germinar em mim,  algo novo.

Sem folgar um segundo,  percebo o desenvolver ansioso do que anseia existir, entretanto, ainda precoce, pede aconchego e espaço para amadurecer perfeito. Experimento a alegria de gerar,  enquanto cresço em ansiedade. Reclamo descanso e, inquieta, rolo em lençois perfumados. Num breve cochilo, sinto o trabalho contínuo do cérebro, corpo, alma e coração.

De sobressalto, desperto. Ele clama pela luz! Peço calma a mim mesma; de pormenores ainda carece. Porém, o controle me foge, o coração dispara, a respiração acelera.  As contrações são frequentes  e involuntárias.  Há um desejo de gritar palavras sem nexo. Arfo...  É quando sinto minha impotência em retê-lo.  Neste momento,  num misto de choro e riso, ainda que temporão,  mais um poema nasce.

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