sábado, 21 de fevereiro de 2009

FANTASIA



Quero brilho, confetes e serpentinas
Quero a música contagiante no ar
Quero as bocas que se oferecem loucas
Quero a alegria saltando no olhar
Quero a felicidade hoje, por inteiro
E sem receios, amar, amar e amar.

Se tudo não passar da terça-feira
Quando a festa de Momo se acabar
Entrarei no reino de outra fantasia
O que seria a vida sem sonhar?

"Eu queria
Que essa fantasia fosse eterna
Quem sabe, um dia, a paz vence a guerra
E viver será só festejar". (Araketu)

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

DEVANEIOS


Traga-me, na tarde fria, o calor do seu corpo
E cubra-se com o meu.

Deixe se contagiar pela energia das minhas mãos
E acaricia-me com as suas.

Faça com que eu sinta a maciez da sua pele
E aqueça-se com a minha.

Deixe que eu o desperte num beijo louco
E acalma-me com o seu.

Traga sua alma ao encontro da minha
Faça da minha, sua eterna companheira
Deixe sua vida se esbarrar na minha
Traga à minha, a paz verdadeira
Deixe seu amor se derramar sobre o meu
E tome posse do meu pela vida inteira.

"Mas o homem que sabe o que quer
e se apaixona por uma mulher
ele faz desse amor sua vida
a comida, a bebida, na justa medida". (Roberto e Erasmo Carlos)

sábado, 14 de fevereiro de 2009

GENTE FINA VIAJA DE MERCEDES

Por estar desprovida de um automóvel de uso pessoal, ela tem a oportunidade de andar de “Mercedes”. E com motorista particular. Comporta 36 passageiros sentados e um número incalculável de pé. Na cidade, a maioria o chama de “coletivo”, suprimindo a palavra transporte, para facilitar o diálogo. Só aqueles que possuem mente mais fértil com tendências a fantasiar a vida é que lhe dão um nome imponente. Mari é uma delas.

Talvez seu comportamento esteja associado ao fato de que não utilizava esse sistema até bem pouco tempo. Era casada e o carro da família se destinou ao marido na partilha dos bens. Faz uso do transporte coletivo só no retorno do trabalho, cujo expediente encerra-se às 18:00h. Mari está reaprendendo a enfrentar a vida e, por mais difícil que pareça, ela a vê com bons olhos. Em face disso, desenvolveu também aquela conhecida síndrome, procurando o lado positivo dos acontecimentos. E tem um detalhe bem peculiar na sua personalidade: Visualiza comicidade em tudo.

É por isso que ela se diverte durante a viagem e nos momentos que a precedem. Descobre figuras humanas interessantes, como aquelas que atendem o celular aos berros, pensando que do outro lado o ouvinte tem os mesmos ruídos que se ouvem dentro do veículo. Os assuntos são os mais variados e tornam-se públicos assim que o cidadão pressiona a tecla verde. Acha divertido também os estudantes com suas mochilas imensuráveis; ao passarem provocam um verdadeiro arrastão e Mari confere sempre para ver se falta alguma peça de seu vestuário ou acessórios, ouvindo os xingamentos de algumas mulheres que tiveram suas meias desfiadas. E o que falar das bolsas gigantes que as cidadãs usam? Ela fica imaginando que necessário seria um veículo específico para transportá-las. E ri dessa idéia, esquecendo-se que também leva uma a tiracolo.

Mas para ela, bom mesmo é embarcar nos terminais. Lá existe luta ferrenha tanto no embarque, quanto no desembarque. O ônibus pára num mesmo local para realizar os dois procedimentos. Enquanto uns precisam sair, outros querem entrar. Nesse momento, não há entendimento possível e a confusão se estabelece de forma fantástica! Educação e civilidade são palavras totalmente desconhecidas para muitos. A impressão que se tem é que alguém deu a ordem: Atacar! É um corpo a corpo de matar! Até Mari, que se gaba da sua fineza, nessa hora perde a compostura – talvez porque não haja possibilidades de agir de outra maneira – na posição em que se encontra só lhe dão duas alternativas: Entrar ou entrar! Nem cabe esforço de sua parte; “gentilmente” é colocada dentro do veículo.

Ela, como todo trabalhador cansado, no final do dia quer retornar sentadinha num banco de sua “Mercedes”. Bem, neste caso, querer quase nunca é poder. É muito pior que a corrida dos espermatozóides em busca do óvulo, mas com uma vantagem: Há mais de um assento na disputa. Se viajar de pé, aproveita as freadas bruscas e as curvas fechadas que faz seu experiente motorista, para treinar e alongar a musculatura. Já está toda durinha! Quando consegue atingir seu objetivo na corrida pela poltrona, faz a viagem, confortavelmente, ouvindo uma rádio cujo slogan é “a FM leve da cidade”. Aí fica curtindo o paradoxo da mais fina MPB com o peso do trânsito caótico, o aperto e odores diversos. Nos benditos assentos reservados aos idosos, deficientes e pessoas com criança de colo, nem pensa em sentar-se. E não é por ser cidadã consciente dos seus direitos e deveres: Mari sabe que, a qualquer momento, haverá de cedê-los a quem de direito. Melhor evitar esse contragosto.

Quando seu celular toca durante o trajeto, aí ela esnoba! Dá uma demonstração de como é fina e educada. Fala quase num sussurro e ainda esbanja seu vocabulário de um inglês precário:
-Hello!
-Ainda estou no bus.
-Bye Baby!

E assim, sacolejando, alongando, cantarolando, nem percebe a infinidade de paradas que o ônibus faz. Aprecia a paisagem cinzenta e enfumaçada, encanta-se com o colorido das luzes nas fachadas das lojas, chega a distrair-se e só percebe que é hora de saltar, quando chega aquele momento mágico: Ela ouve no seu fone de ouvido as primeiras notas de “O Guarani” de Carlos Gomes. É o fim da linha!

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

COM LICENÇA, OBRIGADA!


Sei que, na vida, todos têm direito a uma fatia do bolo que ela produz diariamente.
Neste começo de 2009 cheguei à seguinte conclusão: Quero a Minha. Quero a parte de me cabe, de preferência, no meu sabor predileto! Sei que várias opções me serão dadas. Esperimentarei o que atrair meu paladar, se gostar, vou abocanhá-las com muito gosto.
Haverá também pessoas tentando roubar pedaços daquilo que adquiri por mérito próprio e que é resultado de anos de sonhos. O que for possível dividir, com certeza não me furtarei a isso, desde que a decisão parta de mim, que as escolhas do meu coração sejam levadas em conta.
Sei que tenho utilizado de vários artifícios para não aproveitar as oportunidades que desfilam diariamente sob meus olhos, num processo de autossabotagem, minando desejos, necessidades, em função da ética, idealismos e preconceitos infundados. Atitude que, se tornada repetitiva, levaria-me ao "vale dos frustrados", incluindo-me no rol dos fracassados e infelizes.
Não, definitivamente, não!
Sim para todas as oportunidades!
Sim para qualquer fatia, por menor que seja!
Cara feia para quem tentar roubar meus sonhos e projetos!
E dependendo da receita, de bons ingredientes, do cuidado, toda fatia será saborosa!
E eu vou "cair de boca"!

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

MULHER E DIREÇÃO...COMBINAM!

Era segunda-feira. Máquina de lavar funcionando, eu e meus filhos correndo contra o tempo para arrumar a bagunça do final de semana. À tarde, os dois iriam à escola, por isso, o almoço tinha um horário fixo e rígido: 11h30min. O sinal piscava frenético, alternando as cores, apontando risco de confusão eminente. O trânsito estava bastante nervoso.
Comumente, as manhãs eram mesmo de correria, mas naquele dia, parecia pior. Talvez porque eu estivesse no período de TPM. Para contribuir, um amiguinho do meu filho que passara o fim-de-semana conosco, ainda não se decidira ir embora e participava do frenesi, causando mais transtorno ao tráfego já intenso.
Em dado momento, durante a preparação do almoço, eu fritava bananas, cuidava das outras panelas sobre o fogo e fazia uma salada. Meu filho que tomava banho começou a gritar:
- Mãe, traga uma toalha!
O amiguinho que brincava no quintal com minha cadela Cocker, também chamava:
- Mari, venha aqui, por favor!
Senti que a hora do rush chegara. As buzinas soavam e a via estava um caos. Olhei para as bananas começando a corar no óleo quente, constatei que naquele momento não podia atender a nenhum dos dois (qualquer cozinheira sabe que se perdesse o foco da direção naquele momento, elas se queimariam; acidente com perda total), então eu respondia irritada:
- Esperem um pouco, já vou!
Meu filho nem ouvia a resposta, continuava gritando no banheiro pedindo a toalha e o amiguinho, lá do quintal, gritava histérico:
- Mari, acho bom você vir aqui agora!
Quando concluí a manobra com as bananas da frigideira, engatei uma primeira, pisei fundo e dirigi-me ao banheiro, já a ponto de estourar. Entreguei a toalha a meu filho, dei um “cavalo-de-pau” e retornei em alta velocidade rumo ao quintal para verificar o motivo da histeria do garoto.
Não fosse pelo estresse daquele dia – em boa parte causado pela TPM – eu acharia a cena hilariante: na correria brincando com o menino, a cadela se enroscara totalmente num lençol branquinho que eu acabara de colocar no varal. Parecia uma múmia, ali, imóvel. Senti na hora que o sinal ficara vermelho e eu, na velocidade que me encontrava, tive que usar de toda perícia para não bater de frente com o garoto. Ele me olhava de forma apreensiva, notando o esforço que eu fazia para me manter firme na direção e foi logo dizendo:
- Eu falei que era melhor você vir aqui!
Ah, naquele momento, senti que o motor acelerava aleatoriamente e o desejo era de abandonar a direção, colocar as mãos na cabeça e soltar aquele berro! Controlei-me por pouco. Desenrolei a cadela, lancei ao garoto um olhar que saía faíscas. Sem dizer qualquer palavra, arranquei o lençol do varal e joguei no tanque. Voltei à cozinha para dar continuidade ao almoço. Muda, tensa, sentindo o radiador ferver, prestes a jorrar aquela água escaldante para todos os lados.
Quando nos sentamos à mesa de refeições, eu tinha a respiração curta e a tensão expressa no rosto. A impressão dada é que eu explodiria a qualquer momento, e meus dois filhos, juntamente com o amiguinho, percebendo esse estado emocional lastimável encaravam-me com olhares medrosos, temendo o que viesse acontecer. Não sei que tipo de combinação química ocorreu em meu cérebro naquele momento, mas vendo aquelas carinhas assustadas, concluí que era necessário parar e estacionar. Puxei o freio de mão, desliguei o motor e caí numa sonora gargalhada. Eles, após o susto inicial, me acompanharam, divertindo-se e comentando a situação que acabara de acontecer.
E o almoço fluiu em paz. Sinal verde, enfim.
Mas dali a pouco...
- Manhê!

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

DUALIDADE


Existe na imensidão do oculto
Às vezes, revela-se em palavras doces
Noutras, esquiva-se
Em muitas, retira-se...

Divide o tempo em estar, partir
Às vezes, entrega-se em beijos longos
Noutras, recolhe-se
Em muitas, aflige-se...

Trafega pela vida em mão dupla
Às vezes, delicia-se na contramão
Noutras, arrepende-se
Em muitas, culpa-se...

Às vezes sente n'alma o frescor de suave brisa
Noutras, o crepitar ardente das chamas.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

LADEIRAS

Sinto meu coração inquieto.
Talvez porque eu não tenha subido as ladeiras, não tenha feito as curvas, nem tenha dobrado as esquinas que me levariam ao seu coração.
Talvez tenha havido falta de sinalização, setas, indicações do itinerário.
Pode ser também que as ruas estivessem interditadas, ou que depois de tanta caminhada eu o encontrasse de portas fechadas.
Devia... não devia... O tempo finge não entender minhas dúvidas e por isso fico sem respostas.
Por enquanto, incerteza e espera maltratam um coração ansioso.
E de olhos abertos, resta apenas mirar as ladeiras...
De olhos fechados, tentar imaginar como teria seria bom.

"Eu só quero saber em qual rua minha vida vai encostar na sua..." (Ana Carolina)

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

EU QUERO!


Quero andar com alguém pelo parque da cidade, sentindo o cheiro da primavera, mesmo que ela não tenha chegado...
Quero rir com alguém por uma piada sem graça, na qual só os tolos apaixonados veem sentido...
Quero dividir com alguém o êxtase em contemplar a beleza singela de uma flor, como se fosse uma das sete maravilhas do mundo...
Quero ter o privilégio de saborear com alguém um domingo com gosto de macarronada, mesmo que já não haja família para isto...
Quero sentir com alguém o prazer de uma conversa trivial, como se fosse o tratado mais importante que um filósofo pudesse ter escrito...
Quero incentivar alguém a correr pela vida, ainda que ele pense não haver mais pernas para tanto...
Quero partilhar com alguém o prazer de sorver uma taça de vinho barato, como se fosse de uma safra especial que um enólogo tenha classificado...
Quero caminhar com alguém por uma estrada de chão batido, num campo florido, mesmo que ele já tenha esquecido o gosto das coisas simples...
Quero encorajar alguém a entregar seu coração para outra pessoa, mesmo que ele afirme já estar morto para os sentimentos...
Decidi que o hoje começa agora e vai perdurar pela vida afora. Que os desejos irão se multiplicar, renovar, fluir de dentro de mim. E não há como recuar diante desta decisão. Recuar seria o mesmo que abdicar à própria felicidade
E hoje eu tenho uma certeza: Nasci para ser feliz!
E você, o que quer pra hoje?

"Você verá que é mesmo assim
A estória não tem fim
Continua sempre que você responde sim
À sua imaginação
A arte de sorrir, cada vez que o mundo diz não". (Guilherme arantes)

LAURA, ME EMPRESTA UM SORRISO?


Por uma infinidade de vezes eu pedi seu abraço, sua companhia, suas palavras. Ela não se fazia de rogada. Abria aquele sorriso imensurável e dedicava-me horas de boas conversas e conselhos utilíssimos.
Participou também das muitas loucuras empreendidas por apelo do meu emocional desequilibrado. Dizia-me: __Acha que precisa fazer isso? Então faça, para não vir a se arrepender depois.
Laura falava com a segurança de quem já havia trilhado alguns caminhos pelos quais eu passava naqueles momentos. Lutávamos pela reconstrução das nossas vidas, após vinte anos de união conjugal, que acabaram por naufragar num mar de lágrimas.
Em muitas ocasiões, quando a onda parecia querer nos arrastar, ela profetizava: __Ainda riremos muito juntas!
Hoje gargalhamos! Não é maravilhoso?
Comemoramos nossas vitórias, nosso crescimento profissional e emocional, com a certeza de termos alicerçado uma sólida amizade, tendo como base sentimentos nobres e verdadeiros.
Por isso, sempre que precisar, vou fazer meu o verso da música interpretada por Peri Ribeiro, que leva seu nome como título e diz assim:

"Laura, me empreste um sorriso
é o que eu mais preciso
pra poder viver..."

Seja sempre bem vinda ao meu coração, Laura!

CICLO


Quando penso, fujo.
Quando fujo, sofro.
Quando sofro, volto.

No ciclo da vida
No interminável vai e vem
No sei se me perco ou me acho
Fica o aroma, a cor, uma parte
Deixo o bom de mim
Trago o melhor de ti...

Quando canto, sonho
Quando sonho, amo
Quando amo, vivo.

"É certeza da eterna presença
Da vida que foi, da vida que vai
É saudade da boa
Feliz cantar..."
(Gonzaguinha)

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

INQUIETUDE

-->

Nasceu do nada, através doque não foi.                                                     A onda chegou de mansinho, de repente era furacão. 
Preencheu o vazio do “não ter”, fechando a lacuna do “perder”...            Tendo ilusões, ganhando cor.
É o recobrar da consciência batendo à porta.                                                             É o “sentir quê” ocupando o lugar do “ter quê”.                           
Ficaram espaços vazios? Outros sonhos virão!                                                         Houve lágrimas? Está de cara e alma lavadas!                                                         O amor se foi? Ficaram boas lembranças!                                     
Percebe não “ser só” apenas “está só. 
Percorre o árduo caminho de quem ousa sonhar...                                                 Usa atalhos, desvios, sombras e remansos.                                                               Tropeça, cai, levanta, trata das feridas e vai em frente...                   
Novas aventuras, encontros e desencontros? Que venham!                       Corre todos os riscos para "bem viver".