terça-feira, 21 de dezembro de 2010

LIMIAR











 
 

A porta ainda está aberta. Encolhida num canto, esguia o olhar e nota indefinição. Se ameaça avançar, percebe uma simulação de fuga. Se recua, uma silhueta é projetada na claridade vinda do corredor. Escura é aquela sombra. Confuso é o coração...
Se ignora a presença, a esperança acena distante. Se alimenta a esperança, a presença se mostra incerta. Se desejo e expectativa não namoram, corações não se entrelaçam...
E mesmo tudo sofrendo, tudo crendo, tudo esperando, tudo suportando, por força do Divino, haverá de crer também na força incessante do sentimento?
Exausto coração... Esperanças quase finitas. 
Diferentemente da sombra,  que pode extinguir-se num fechar de porta, o desfecho do amor pode estar contido no simples ato de deixar a vida entrar.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

SURREAL


A saudade vem na tarde quente de primavera com aspecto de verão
  Impulsionada pelo desejo, abro o baú de emoções contidas
Vasculho as lembranças e o trago de volta num véu de esperança
Agarro-me às sensações do ontem, e, sem pudor, busco suas mãos
No limiar entre alegria e dor, te toco, te sinto, te beijo
Num contato irreal, sua respiração aquece meu rosto
De olhos abertos, permito que seu corpo possua o meu...
Debato-me entre um despertar necessário e a delícia do sonho
Arrisco-me  permanecer na ilusão do mágico reencontro 
E após navegar nas emoções do amor naufragado no tempo
 Como um barco, atraco-me, serenamente, no cais.

AMOR... ONDE ESTÁS?


Procurei o amor em belas imagens
Tentei encontrá-lo em  lindas paisagens
Não o vi...
Busquei o amor em belas cenas
Tentei enxergá-lo em lindos poemas
Não o vi...

A essência do amor revela-se  em gestos que não saltam aos olhos...
Na entrega, a beleza
Na renúncia, a nobreza
No perdão, a certeza.