quarta-feira, 5 de agosto de 2009

SERÁ QUE PASSA?

Tudo passa! Como tenho ouvido esta frase neste período de vida. Parece que todos ensaiaram a mesma resposta. O pior é que ela não consola. Por experiência própria sei que a afirmação é extremamente verdadeira... Tanta coisa já passou! Contudo a cada perda, a cada vez que preciso abrir mão de amores, amizades, colegas de trabalho, o coração reclama.

Tenho uma personalidade que facilmente cria laços afetivos com as pessoas do meu convívio. Porém, acontece o inverso quando chega o momento do desligamento. O afastamento é sempre traumático e torna-se motivo de grande estresse, que me leva a uma tristeza profunda. É claro que a cada episódio, aprendo a digerir a situação com mais facilidade. Mas embora saiba que é preciso caminhar, aceitar os fatos como definitivos, sofro por antecedência e por dias a fio, até que o tempo venha consolidar os traumas causados pelas perdas.

Os episódios são mais dolorosos quando me sinto injustiçada, quando sei que dei o melhor de mim, quando fiz o melhor. Mas quem sou eu para auto-avaliar minhas ações? Quem sou eu para atestar a qualidade do trabalho que desenvolvo? Quem sou eu para auto-determinar minha honestidade, minha fidelidade, minha capacidade de dar afeto e querer receber, em contrapartida, a reciprocidade que sinto merecer em todos os quesitos?

Sofrimento é o preço que paga quem ousa colocar paixão em tudo que faz, por mais que pareça insignificante aos olhos dos outros. Descobri hoje que meu cofrinho ando vazio, tantas são as vezes que me recolheram todo numerário que acumulei a cada empreendimento, sejo no terreno amoroso ou profissional. Por outro lado, se minha passagem pela vida daqueles com quem tive o privilégio de conviver foi marcada, de forma positiva, por algum ato meu, valeu. Pago o preço com satisfação.

"Quem por esta vida passou em branca nuvem
E em plácido repouso adormeceu
Quem não sentiu o frio da desgraça
Quem passou pela vida e não sofreu
Foi aspectro de homem, não foi homem
Só passou pela vida, não viveu." ( Francisco Otaviano)

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