domingo, 30 de agosto de 2009

DISSABORES

O mocinho à mocinha:
_Me dá o número do seu celular!
Ela meio reticente:
_Não. Passa o seu número que te ligo.
Ele insiste:
Ah, vai, me dá seu número!
Ela, que tem andado muito carente, resolve dar uma chance a ele e a si mesma. Acaba cedendo e passa-lhe o número.

Na primeira semana vários torpedos filosóficos e românticos da parte dele. Ela responde com certa frieza. Ou seria com cautela?
No primeiro sábado, ele liga dizendo que quer vê-la. Ela aceita recebê-lo em casa. Se prepara, como toda mocinha faz, tomando um gostoso banho e se perfumando. Para sua surpresa, ele chega relativamente embriagado. Passara a tarde com amigos, comemorando um aniversário e de lá, sem ao menos um banho, foi direto para a casa dela. Falou do desejo de conhecê-la melhor, de ter um relacionamento. A mocinha que se decepcionara a princípio, se cala. Por estar ainda muito carente, resolve dar mais uma chance a ele e a si mesma. Deixa-o ir, sem nenhuma reclamação. Resolve esperar o decorrer dos acontecimentos.

Na segunda semana outros tantos torpedos românticos da parte dele. Ela responde com delicadeza. Ou seria com algum sentimento?
No sábado ele liga à noite. Aparentemente sóbrio. Quer vê-la. Novamente ela aceita recebê-lo em casa. E mais um vez se prepara, se perfuma. Ele se apresenta com outra postura, conversam, trocam carinhos, falam da vida e do que esperam dela. A mocinha esboça certa felicidade. Constata que foi bom ter dado uma segunda chance a ele e a si mesma. Na saída, uma promessa dele, sem que ela nada tenha pedido:
_Amanhã te ligo.

Na terceira semana, nenhum contato. A mocinha espera. Confere no celular várias vezes ao dia e nada de mensagens novas. Lê as antigas, na esperança de tê-lo mais próximo de si. Até a sexta-feira, nenhum contato. A mocinha dorme com um gosto amargo na boca. O sábado amanhece radiante, com um sol maravilhoso e mil perguntas assolam sua cabecinha. Que terá acontecido ao mocinho para que ele desaparecesse daquela maneira? Por estar ainda muito carente, resolve dar mais uma chance a ele e a si mesma. Passa uma mensagem com uma frase da música "Sozinho", interpretada por Caetano Veloso: "Quando a gente gosta é claro que a gente cuida...". Mal a torpedo é entregue, o celular toca. É o mocinho do outro lado:
_Olá moça, como vai?
Ela responde:
_Bem e você? Sumiu esta semana!
E ele:
_Correria.
Depois de alguma conversa banal ele promete que ligará logo mais e desliga.

No sábado à noite a mocinha espera. Se prepara, se perfuma. As horas passam, o telefone não toca. Ela assiste TV para passar o tempo, mas nem consegue perceber o desenrolar do folhetim das oito. O enredo da sua própria história tira-lhe a concentração e a deixa novamente com um gosto amargo na boca. E é assim que ela vai para a cama. É assim, amarga, que ela acorda para um domingo que parece querer agredí-la com um sol explendoroso.

"Na história do poeta
A menina acreditou
E dos olhos da menina
Uma lágrima rolou". ( Roberto Carlos em "A Menina e o Poeta")

3 comentários:

  1. Ola Marleuza tudo bem?! Seu blog esta lindo expressa sua pessoa. O texto acima "Doce Glausura" me fez lembra de um texto que li no blog um dia desses, onde a pessoa tentava explicar o significado de maturidade e deu um exemplo bem simplista mais muito coerente. Vamos lá:
    “Você já comeu uma banana verde, ainda dura, que pega na boca? Você já provou um morango verde, de sabor ácido e azedo em excesso? E o que dizer da melancia que você compra e quando abre, percebe que ela ainda está branca e insossa? Você gostou e aprovou o sabor dessas frutas ainda verdes, ou melhor, dizendo, ainda não maduras? Agora compare com a experiência de comer uma banana no ponto, macia e saborosa... Lembre-se daquela taça de morangos vermelhos e maduros com chantilly ou leite condensado... Huummm.... que delicia!!!! E aquela fatia gorda e vermelha da melancia que no ponto certo para saborear, doce como mel... Só de pensar já dá água na boca!!!! Pois é, dá para perceber a diferença entre uma fruta verde e uma fruta madura, não dá?”
    As pessoas maduras deixam bons fluidos e sensações maravilhosas por onde passam, e aquelas que provam e privam de sua companhia sentem o gosto adocicado e saboroso de suas ações e atitudes sábias e maduras.
    Muitas pessoas não amadurecem, elas apenas envelhecem, é uma pena vê que essa pessoa não percebeu isso ainda, pois suas atitudes são de adolesceste. Uma árvore só começa a dar frutos saborosos após seu pleno amadurecimento.

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  2. Obrigada Emilia. Veja se Aparece sempre, ok?
    Bjos.

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  3. A Emília traduziu em poucas palavras meu sentimento em relação a isso.
    Parabéns.
    Vamos tentar nos manter jovens, mas ao mesmo tempo MADURAS. kkkkkkkkkkkkkk
    Bjos - Luzia

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