domingo, 1 de março de 2009

RÉU OU VÍTIMA?

Certo dia decidiu que abriria as portas do seu coração e do seu lar.
Abriria mão da privacidade. Tinha amor suficiente para abrigar debaixo de suas asas, no calor do seu ninho, outros tantos, além de seus dois filhotes.

Sob olhares críticos, incompreensivos, cumpria seus propósitos. Era gratificante sentir que, aquilo que faltava em seus lares, ali encontravam. E quando aliviava a carga de sofrimentos de alguém, sentia sua bagagem mais leve.
Alimentava, aquecia, defendia.
Doava experiência, em contrapartida, recebia juventude.
Distribuía carinho e paciência; colhia afagos e abraços.
Doava amor; conquistava afetos, ganhava corações.

Certa manhã, ao abrir seu porta jóias (onde a maioria das peças tinha um brilho falso), ficou em estado de choque por encontrá-lo totalmente vazio.
Instantaneamente, sentiu dor. Dor de amor não retribuído, de confiança traída, de inocência roubada.
Sentiu náusea, como a querer expelir o bolo de ingratidão que fermentava em seu interior.
Ao mesmo tempo, um vazio imenso se fez.
Um ato mesquinho e isolado abalou suas convicções altruístas. Sentiu raiva, chorou, lamentou, orou. Por ele e por si.

Relativamente serena, recobrou a consciência.
Juntou os cacos do coração e foi em busca de atenuantes. Constatou que ele se deixara seduzir pela ilusão passageira que devasta vidas, na maioria, jovens. Sentiu-se impotente ao perceber que seu carinho e dedicação não foram capazes de resgatar aquele que, lamentavelmente, mergulhara no mundo dos prazeres efêmeros no qual a escuridão impera. Nesse mundo, dificilmente, as sementes do amor encontram terreno fértil para germinar.

“Eu venho aqui pedir perdão, se por acaso eu mereci, sofrer tamanha ingratidão, quando eu busquei sempre ajudar. Mas quem não entendeu fui eu, que se esqueceu quem foi Jesus, que fez um bem maior que o meu e mesmo assim morreu na cruz”.
(Verso da música “Pra Que eu Saiba Perdoar”, de Pe. Zezinho.)


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