sábado, 4 de setembro de 2010

NUDEZ

Hoje li  Evelyne Furtado,  que numa crônica falava da sua angústia ao escrever e citava  nomes  famosos, como Luis Fernando Veríssimo, Zuenir Ventura, Raquel de Queiroz, os quais a gente lê,  crendo piamente que seus trabalhos literários saem do cérebro com facilidade,  e que contudo,  também confessam sofrer ao produzí-los.

Eu, que nem de longe ouso incluir-me em lista tão célebre, tampouco qualifico-me como escritora, acredite, padeço quando deixo escapar  pensamentos através da escrita. Chega  ser penoso desnudar minha alma e permitir que tantos me julguem, aplaudam e também condenem. Ironicamente, escrever é também  um ato terapêutico: cura-me as dores; expande minha alegria.

Outro motivo de aflição é a responsabilidade com uma escrita correta, dentro das normas que a Língua Portuguesa exige, responsabilidade que procuro minimizar, já que não tenho nenhum  compromisso editorial com o que escrevo.  Quando exponho meus sentimentos, só desejo que o leitor me entenda com os olhos do coração. Isso me basta.

Até o momento,  só consegui traduzir em palavras,  sensações que vivenciei  e tenho certeza que, muito mais que o leitor,  eu me emociono -  entre  risos e lágrimas -  toda vez que tiro o véu que cobre minha intimidade. Surpreendo-me com situações que só revelo através da escrita;  sem pudores, sem reservas.  Nesse estado de nudez, as palavras que saem de mim  buscam eco em outros corações  para dores e alegrias,  comuns a todo ser que acredita,  também,  possuir uma alma.

"A minha alma tem
Um corpo moreno
Nem sempre sereno
Nem sempre explosão
Feliz esta alma
Que vive comigo
Que vai onde eu sigo
Com meu coração." (Simone em "Alma")

2 comentários:

  1. Olá Marleuza, passei por aqui e vi algo novo.
    Legal,mesmo!É sempre bom uma repaginada, seja no blog, na cabeça ou mesmo na alma.
    Abs.
    Mário

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  2. Escrever o texto ao qual você se refere me causou um certo rubor, talvez pela sinceridade; talvez por ter associado meu nome aos grandes,rs. Uma das alegrias de quem escreve é sentir a identificação com o leitor. Escrevo pelas mesmas razões que você expõs.Gostei demais do que li aqui. Beijos

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