sexta-feira, 10 de setembro de 2010

LIÇÃO DE SABEDORIA

Margareth me viu em lágrimas.
Não questionou os motivos,  não  quis saber  as razões. Sem que eu nada relatasse,  fez uma colocação interessante:  -Você estava com um pequeno problema de locomoção, lançou mão de um par de muletas e agora, sã, não quer abandonar esses "apetrechos" de que não precisa para concluir sua volta no parque.  Ouvi, entre uma lágrima e aquele nó na garganta.  Comecei a pensar: De onde viria o conhecimento psicológico de Margareth, quando num exemplo simples, traduziu o medo que eu sentia?

Como eu ainda demonstrava incerteza acerca das minhas capacidades , ela continuou,  interrogando: - Você acha que sou "tora"? Respondi prontamente: Demais! Ela retrucou: -  Pois você é muito mais forte que eu. Como eu a olhava de forma interrogativa, sem que  pedisse,  exemplificou: - Quando vou à guerra, venço a batalha e estraçalho meu inimigo. Nada sobra dele!  Você, quando enfrenta uma batalha, além de vencê-la,  conquista seu adversário, fazendo dele um aliado. Isso, porque,  diferente de mim, que possuo uma força bruta, você suaviza a sua com porções generosas de doçura, característica muito especial da sua personalidade. Só é preciso não confundir esta qualidade com fraqueza, como vem sempre fazendo . Este é o  grande desafio a ser vencido em primeiro plano  para atingir suas metas,  sem derramar tantas lágrimas.

Percebi então que Margareth traz o conhecimento das muitas voltas dadas no parque. Sempre com um sorriso no rosto, a experiência de seis casamentos e uma sabedoria de fazer inveja a qualquer "letrado" nas ciências do emocional, ela me deu um tapa na cara que despertou-me da letargia, sem a necessidade de levantar a mão. Exaltou as qualidades que eu possuia, minha força e capacidade de ação. Aliás, mesmo em lágrimas, Margareth disse que eu estava linda; ela via muita luz irradiando a partir de mim.

E o melhor é que ela existe. Não faz parte do meu imaginário! É reconfortante saber que no momento necessário, ela terá a palavra certa. Ela dará um tapa, que ao invés de traumatizar, despertará aquele que chora.  Fará com que  ele abra os olhos para um mundo que, até então, ocultava-se sob o nefasto  véu do medo.

"Eu sou aquela mulher que  fez a escalada da montanha da vida, removendo pedras e plantando flores." (Cora Coralina)

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