quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

MULHER E DIREÇÃO...COMBINAM!

Era segunda-feira. Máquina de lavar funcionando, eu e meus filhos correndo contra o tempo para arrumar a bagunça do final de semana. À tarde, os dois iriam à escola, por isso, o almoço tinha um horário fixo e rígido: 11h30min. O sinal piscava frenético, alternando as cores, apontando risco de confusão eminente. O trânsito estava bastante nervoso.
Comumente, as manhãs eram mesmo de correria, mas naquele dia, parecia pior. Talvez porque eu estivesse no período de TPM. Para contribuir, um amiguinho do meu filho que passara o fim-de-semana conosco, ainda não se decidira ir embora e participava do frenesi, causando mais transtorno ao tráfego já intenso.
Em dado momento, durante a preparação do almoço, eu fritava bananas, cuidava das outras panelas sobre o fogo e fazia uma salada. Meu filho que tomava banho começou a gritar:
- Mãe, traga uma toalha!
O amiguinho que brincava no quintal com minha cadela Cocker, também chamava:
- Mari, venha aqui, por favor!
Senti que a hora do rush chegara. As buzinas soavam e a via estava um caos. Olhei para as bananas começando a corar no óleo quente, constatei que naquele momento não podia atender a nenhum dos dois (qualquer cozinheira sabe que se perdesse o foco da direção naquele momento, elas se queimariam; acidente com perda total), então eu respondia irritada:
- Esperem um pouco, já vou!
Meu filho nem ouvia a resposta, continuava gritando no banheiro pedindo a toalha e o amiguinho, lá do quintal, gritava histérico:
- Mari, acho bom você vir aqui agora!
Quando concluí a manobra com as bananas da frigideira, engatei uma primeira, pisei fundo e dirigi-me ao banheiro, já a ponto de estourar. Entreguei a toalha a meu filho, dei um “cavalo-de-pau” e retornei em alta velocidade rumo ao quintal para verificar o motivo da histeria do garoto.
Não fosse pelo estresse daquele dia – em boa parte causado pela TPM – eu acharia a cena hilariante: na correria brincando com o menino, a cadela se enroscara totalmente num lençol branquinho que eu acabara de colocar no varal. Parecia uma múmia, ali, imóvel. Senti na hora que o sinal ficara vermelho e eu, na velocidade que me encontrava, tive que usar de toda perícia para não bater de frente com o garoto. Ele me olhava de forma apreensiva, notando o esforço que eu fazia para me manter firme na direção e foi logo dizendo:
- Eu falei que era melhor você vir aqui!
Ah, naquele momento, senti que o motor acelerava aleatoriamente e o desejo era de abandonar a direção, colocar as mãos na cabeça e soltar aquele berro! Controlei-me por pouco. Desenrolei a cadela, lancei ao garoto um olhar que saía faíscas. Sem dizer qualquer palavra, arranquei o lençol do varal e joguei no tanque. Voltei à cozinha para dar continuidade ao almoço. Muda, tensa, sentindo o radiador ferver, prestes a jorrar aquela água escaldante para todos os lados.
Quando nos sentamos à mesa de refeições, eu tinha a respiração curta e a tensão expressa no rosto. A impressão dada é que eu explodiria a qualquer momento, e meus dois filhos, juntamente com o amiguinho, percebendo esse estado emocional lastimável encaravam-me com olhares medrosos, temendo o que viesse acontecer. Não sei que tipo de combinação química ocorreu em meu cérebro naquele momento, mas vendo aquelas carinhas assustadas, concluí que era necessário parar e estacionar. Puxei o freio de mão, desliguei o motor e caí numa sonora gargalhada. Eles, após o susto inicial, me acompanharam, divertindo-se e comentando a situação que acabara de acontecer.
E o almoço fluiu em paz. Sinal verde, enfim.
Mas dali a pouco...
- Manhê!

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