domingo, 1 de novembro de 2009

FICÇÃO

Quando dei por mim, já tinhas ido.
Como água que segue seu curso
Como flor murcha que deixa o caule
Como a primavera que dá lugar ao verão.

Quando dei por mim, já eras passado.
Como a lembraça do toque de mãos
Como o beijo do minuto vivido
Como a sensação do encontro não repetido.

Quando dei por mim, percebi que não foste real
Naceste da minha imaginação, dos delírios, das loucuras.
Tiraste somente o pior de mim
Ignoraste minhas virtudes, as belezas da alma.
E do meu amor, que sabes?
Nada.
Desconheces tua capacidade de amar
De se entregar
De dar amor
De receber amor.
Soubeste onde e como me encontrar
Foste íntimo da minha boca, do meu corpo
Mas ignororaste o caminho que levaria-te ao meu coração.

Por tudo isso, quando dei por mim
Já tinhas ido
Já eras passado
Percebi que não foste real.

"Apenas na poesia
Convivem linearmente
O beijo, a entrega e a agonia." (Evelyne Furtado)

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