domingo, 20 de junho de 2010

Ó PÁTRIA AMADA, IDOLATRADA, SALVE! SALVE!

Era 15 de junho de 2010. Dia do primeiro jogo  da seleção brasileira na Copa da África do Sul. Estava muito frio na cidade eu fazia algumas compras logo de manhã, na praça principal do meu bairro. Apreensiva, como qualquer brasileiro, com a expectativa da partida que se daria às 15:30h daquele dia. As pessoas desfilavam pelas ruas de verde e amarelo. As lojas exibiam produtos alusivos ao evento. Bandeiras tremulavam nas sacadas dos edifícios, nos veículos que rodavam num trânsito já agitado. O Brasil iria dar o primeiro passo rumo à desejada conquista do Hexacampeonato Mundial. O adversário era a Coréia do Norte. Barbada!

O sol brilhava naquela manhã e ao passar por uma marquise de loja deparei-me com uma cena comovente: Dormia na calçada, encolhido pelo frio intenso que fazia,  sem qualquer agasalho,  um menor de rua protegendo com o próprio corpo,  uma pipa, que trazia como estampa  a Bandeira Brasileira. Parei meu caminhar por alguns minutos e dentro de mim brotaram várias perguntas que subtraíram-me da frivolidade daquele dia alegre e ensolarado. Não consegui ignorar a ironia daquela cena. Numa atitude de misericórdia e dor no coração, orei por ele. Como mãe, o questionamento mais forte foi perguntar ao Pai: onde estaria a criatura que colocou aquele garoto no mundo? Será que ele tinha noção da importância daquele dia para a maioria dos brasileiros?

Assisti a partida da seleção ao lado dos meus filhos, amigos e  parentes. Como se esperava, O Brasil venceu a partida, num jogo morno, de pouco brilho,  durante o qual saboreamos pipoca, refrigerante, alguns tomaram cerveja.  Pelo país afora, as comemorações entraram noite adentro. Éramos os privilegiados, que pela emoção e vibração com a qual torcenos,  somos denominados  "a pátria de chuteiras",  a festejar  mais uma vitória. No fundo da minha alma, porém, doía a imagem daquele goroto de "pés descalços", guardando "sua pátria" apenas com seu  corpo frágil e desprotegido.

"Terra adorada
Entre outras mil
És tu Brasil ó Pátria amada
Dos filhos deste solo és "mãe gentil"
Pátria amada
Brasil!"

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