sábado, 10 de abril de 2010

CRESCER RIMA COM SOFRER?


Hoje, na minha aula de musculação o professor imprimiu um ritmo pesado ao treino. Para um determinado exercício, exigiu que eu fizesse dez repetições, respirasse somente por cinco segundos e repetisse mais dez, assim sucessivamente, até um número de cinco séries. De início foi fácil, porque a carga colocada no aparelho era leve, mas na última série, ele ficou ao lado contando as repetições, estimulando para que eu não interrompesse antes do término, tal o estado de exaustão que eu demonstrava.

Durante a execução dos exercícios comecei a me questionar: O que faz com que uma pessoa se proponha a suar, perder o fôlego e sentir dores musculares fortíssimas, enquanto lá fora faz um lindo sábado de sol? Que força movia todas as outras pessoas que também lá se encontravam? Não sei as demais, porém eu imaginava crescendo cada músculo que exercitava, e quanto mais doía, mais eu sentia que o esforço seria compensado posteriormente com um corpo mais rijo e saudável, livre do sedentarismo que enferruja o organismo em todos os aspectos.

Já pensou que com nossa alma acontece algo parecido, mas que ao contrário do que ocorre no preparo físico, nós não demonstramos a mesma coragem e persistência? Já reparou como reclamamos das dores que acometem nossa alma quando o comodismo espiritual se instala? Já notou como não conseguimos imaginar nossa alma sendo trabalhada, modificada e purificada através das tribulações íntimas que sofremos diariamente?

Tudo normal, tudo legal, tudo humano! Vivemos no mundo da matéria, onde é válido o que é visto, o que pode ser notado a olho nu. Nossa visão espiritual é tão míope e as cirurgias capazes de promover a correção ainda são de difícil aceitação. E mais difícil ainda é admitir que, na maioria das vezes, preferimos tatear às cegas, porque abrir as venezianas da alma, pode trazer a claridade que fere a visão acostumada com o aconchego da penumbra. E perder esse aconchego pode significar ter que encarar o dia de sol, que no final de tudo, nada mais é do que vivenciar as experiências que trarão dor e consequentemente, a reforma íntima.

E por que para acrescentarmos virtudes à alma temos que sofrer?
Não necessariamente; nós escolhemos a forma. É que como na vida física, o mundo cada vez mais moderno e cheio de comodidades nos leva ao sedentarismo que adoece, na esfera espiritual as frivolidades ocupam quase que totalmente nossos campos de interesses, não restando outra alternativa para nos fortalecermos, a não ser pelo esforço e dor. E haja suor! E hajam lágrimas!

Tirar um pouquinho do nosso tempo para nos dedicarmos a alguma atividade que nos faça sentir mais leves custa tão pouco! Nosso ato de caridade pode estar numa palavra de consolo, num sorriso gentil, na ofensa esquecida, no amor doado... E tantas outras coisas , às vezes sem um pingo de suor e nem uma lágrima derramada! Contudo, quando se sua e chora, o momento é sempre de contentamento íntimo que expande a alma de qualquer ser. E ao contrário do corpo físico que ao ser trabalhado pesa, parecendo estar mais fixo ao chão, a alma fortalecida torna-se etérea e transcende dimensões! Isso não é coisa de Deus?

"Ninguém é digno da sabedoria se não usar suas lágrimas para cultivá-la."
(Augusto Cury)

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