domingo, 21 de março de 2010

ENFRENTANDO POROROCAS


"Pororoca é o fenômeno produzido pelo encontro das correntes de maré com as correntes fluviais, em geral em desembocaduras e baías onde existe grande variação entre as marés alta e baixa."  ( leia mais em www.portalamazonia.globo.com).

É... lendo um pouco sobre esse fenômeno natural pelo qual passam as águas, percebi que nós, como parte dessa natureza viva também vivemos nossos dias de pororoca. E como! Pela definição dada, qualifico-me como um rio de água doce, deslizando tranquilo sobre seu leito, porém inquieto,  sabendo que nas desembocaduras, o mar sempre aguarda para os encontros inevitáveis.

No campo profissional, sempre fui assim: Não temo o mar.  E não é questão de ter nariz empinado, de não respeitar hierarquia : é questão de lutar pela  cidadania e pelos direitos que acredito serem meus. Nessas situações,  as pororocas são violentíssimas! Já sofri  punições desde o tempo em que atuava na área da Iniciativa Privada e hoje, como Servidora Pública é que percebi como os embates são frequentes. No Serviço Público, não é preciso fases específicas  para que grandes marés se formem. Basta o servidor não baixar a cabeça  àquele que acredita ser oceano para que  ondas gigantescas se levantem. E eu, com a doçura que  me é peculiar, vou avançando mar adentro e quando percebo sou arremessada ruidosamente pelas forças destruidoras, oriundas do orgulho daqueles que detêm o poder -  e nem sempre capacidade administrativa - para onde acreditam ser meu lugar, onde acreditam que devo reconhecer como meu curso,  placidamente.

Há um comentário que parece folclore no serviço púbico: dizem que quando um servidor sai de férias, corre o risco de, no retorno, não ter mais sua vaga à disposição. Quando eu disse parece, é porque comprovei esse processo pessoalmente. Aliás, nem esperaram que eu gozasse os merecidos trinta dias: na primeira semana, recebi em minha casa o comunicado,  via telefone,  da transferência de unidade e quando me recusei, por saber que, psicologicamente, não tinha condições de assumir o novo posto a mim destinado, fui designada a uma unidade longínqua, onde dependo de três ônibus coletivos para lá chegar. Na anterior, precisava de apenas um. A  pororoca foi o prêmio recebido por um ano de bons serviços prestados,  por uma servidora que ia muito além das suas funções de Assistente Administrativa,  com alegria e encantamento do primeiro contrato no serviço público, e praticamente,  todas as notas dez  nas avaliações  do seu Estágio Probatório.

Talvez a minha doçura aparente passe até a impressão de que sou muito passiva e que ceda ao ataque das furiosas ondas sem lutar. Não é bem assim. Diferentemente delas, em mim há um cérebro pensante que analisa as possibilidades, as perdas, os ganhos, sendo necessário, muitas vezes,  passar a idéia de que o mar venceu o rio. Usando o senso analítico, me recomponho sempre, talvez perdendo um pouco aquela doçura inicial, mas a força surge exatamente dessa transformação, onde o raciocínio supera em muito a truculência. Tudo tem seu tempo. As marés sempre baixam. Sendo propício, os rios até mudam seu curso.  E é sabido por qualquer ser humano com um mínimo de instrução, que para haver equilíbrio biológico,  o mar necessita do rio, tanto quanto o rio precisa do mar.

Um comentário:

  1. Enfrentemos todas as pororocas que a vida nos enviar. Somos fortes, enquanto unidas. Bjos e obrigada pelo apoio sempre.

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