quinta-feira, 9 de julho de 2009

VIAJANTES

Estou de passagem. Tenho em mãos um bilhete com dia e hora marcados, aguardando o momento do embarque. Esta é a única certeza que trago em relação à vida que parece mais efêmera a cada dia que passa.

Quando penso em matar o tempo, percebo que ele me leva junto, que os minutos escoam-se por entre os dedos, sem que eu consiga retê-los. Nesses momentos, constato minha impotência diante desse senhor de todas as vidas, de todas as horas. Noto a ação do tempo numa flor perene, à tez da minha pela que já não apresenta o mesmo viço.

Quando chega a hora do embarque de alguém que amo, tenho a prova que posição social, status, finanças, prestígio, fama, enfim, nenhum desses fatores influencia para que se consiga remarcar a passagem. O condutor aguarda na porta e estende a mão para recolher o bilhete. Implacável.

Como amante da música e arte de Michael Jackson, vivenciei essa realidade com sua partida esta semana. Grudei os olhos na TV durante a homenagem póstuma ocorrida em Los Angeles, como a querer prorrogar por mais algumas horas sua doce presença em minha vida, mesmo sabendo que ele voara dias antes.

Em não havendo recursos e sabendo que uma dia (espero que bem distante) eu também faça a passagem inevitável, resta fazer minhas as palavras de Michael em I'll Be There:

I'll reach out my hand to you
I'll have faith in all you do
Just call my name
And I'll be there.

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