domingo, 29 de janeiro de 2012

FRAGMENTADA


Na busca pela felicidade, divido-me entre razão e emoção. No jardim da vida, cultivo defeitos e virtudes onde, nem sempre é indolor,  eliminar ervas daninhas. A formosura e o aroma das flores atraem lindas borboletas, mas também seduzem perversos insetos que se disfarçam de doces joaninhas e me confundem nas suas reais intenções. Santa ou profana, qual mulher não se descabela na escolha do certo ou errado?

Quando decido já ser crescida e me equilibro no salto, vem um desnível e me força acreditar que, mesmo deselegante,  é mais seguro um calçado rasteiro,  macio e confortável. Ainda não me decidi em qual lado da rua é mais apropriado andar, ou se todos os lados e adjacências dão passagem. Não tenho dúvidas que aprender a caminhar com as próprias pernas é o aprendizado mais urgente. Poderei, a partir daí, transitar de um extremo ao outro, sem receio dos tropeços?

Sinto-me livre até o momento em que a paixão sopra suas labaredas em minha direção. O fogo corrói minhas resistências e nesse estado de fragilidade, delitos amorosos são armadilhas certas. Sei, por experiência própria, como ardem  as lesões causadas por sentimentos menos nobres, mesmo assim, permito que algemas atem meu coração e eles,  mantendo-o cativo. Como conquistar, sabiamente,  as chaves que abrirão para sempre  as portas dessa clausura?

Muitos me dão  receitas de felicidade, porém, tão efêmeras quanto à própria. Nenhuma delas é capaz de garantir a solidez dos seus ingredientes já que tudo é mutável, especialmente quando tratamos afetividade. É impossível definir um código de conduta perfeito, quando, ao relacionar-me com outro ser humano,  tão imperfeito quanto eu, fragmento minhas certezas.  Quem pode ditar regras, se cada indivíduo habita seu universo particular?

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